Foto Meulemeriodejaneiro |
O Banho de mar no começo do ano de 1900 era visto como terapêutico e o banhista precisava de receita médica para ir à Praia. Era recomendado principalmente para fortificar os músculos, aumentar energia dos órgãos e sistema digestivo. Não era liberado para todos. Cardíacos ou doentes com gôta tinham o mergulho desaconselhado. Os mais nervosos também deveriam ficar longe do mar. Os médicos acreditavam que os banhos poderiam gerar irritabilidade e até ataque histérico. Ir à Praia naquele tempo era um acontecimento e dependia de todo um aparato. Mas quem preferisse, podia tomar banho de mar em casa. A técnica também foi usada com sucesso em Londres, na Inglaterra . Por 500 réis, moeda da época, qualquer um podia comprar na farmácia um pacotinho com sal e banhar-se no banheiro de casa.
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Apesar do mar alto , das praias desertas e dos casos de afogamentos, os médicos recomendavam os banhos para os doentes. Eles deveriam acontecer nos horários das 6 às 7 da manhã . As recomendações eram rigorosas. Acreditava-se que o banho de mar em excesso ocasionava males para a saúde e que o sal do mar, provocava calvície após ressecar e retirar o brilho natural dos cabelos. Lojas especializadas vendiam todo o material necessário para o passeio na Praia como cobertores para o frio, sapatos, lenços e toucas de plástico. O lenços eram de quase 1 metro de largura, feitos de seda e serviriam para cobrir as toucas plásticas.
A prescrição para os doentes era de 2 meses por ano de banho de mar. As idas à praia deveriam acontecer com roupas de flanela ou batas grossas de cor escura e sem forro. E nada de ficar brincando de peixinho, os banhos de mar tinham de ser rápidos. Só para você ter uma idéia, doentes com saúde muito debilitada deveriam ficar apenas 5 minutos no mar.
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As precauções dos médicos quanto ao banho de mar dos doentes levavam em conta - o mar forte e os casos de afogamento. Nesse tempo, o Rio de Janeiro ainda não contava com o serviço de salva vidas. Apenas a partir de 1917, o socorro de vítimas passou a ser feito pelas Casas de Banho que ficavam na Orla. Cabia à elas o serviço de salvamento, mas nem sempre os funcionários dessas casas conseguiam salvar o afogado. Jornais e revistas da época costumavam até publicar orientações com técnicas de socorro. Uma delas era a respiração artificial. Outra era colocar a vítima de lado , agarrando a língua e puxando-a com força para fora da boca, por pelo pelos 20 minutos - até que surgissem os primeiros soluços.
Apesar de todo aparato de roupas e recomendações, às vezes o doente só poderia passar 5 minutos no mar . Pensando nisso, empresários do Ramo Farmacêutico chegaram a vender no Rio de Janeiro, o chamado Banho de mar em casa. Eram pacotinhos com preparados com sal que podiam ser comprados por 500 réis e adicionados na água das banheiras . Os pacotinhos traziam a composição do sal do mar como: óxido de ferro, ácido carbônico, cal, ácido sulfúrico, magnésia, cloro dentre outros. Um produto similar já era vendido ha 20 anos, na Inglaterra pela Companhia Great Eastern Railway que vendia e entregava água do mar - em domicilio
Empresários do setor - diziam que os pacotinhos eram água do mar em pó. Será mesmo?
O mar do Rio de Janeiro conquistou os pacientes
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A partir de 1917 a população começou a amar a praia. Nos bairros do Leme e de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, as mamães levavam os filhos à tarde para brincar na areia. Temendo o caos, o Prefeito Amaro Cavalcanti demarcou zonas de banhos e estabeleceu horários para o banho de mar, tornando obrigatória a instalação de barracas na praia ou a criação de estabelecimentos aonde o banhista podia alugar uma cabine para se arrumar. A idéia era criar a indústria do banho , no modelo que já existia na Holanda, Inglaterra, Franca e Portugal. Caberia aos donos dessas cabines organizar equipe de "salva vidas" para protegerem os banhistas. Isso foi feito, mas a criação das cabines não agradou a todos. Alguns apostavam que num prazo de 6 meses, a orla seria transformada em subúrbio marítimo. O tempo passou, as cabines já não existem mais. As roupas pesadas de flanelas foram trocadas por biquínis e sungas .Os banhos de mar com tempo certo de duração também ficaram no passado. Uma coisa no entanto, não mudou: o amor dos cariocas e visitantes pelas praias e pelo mar do Rio de Janeiro.